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13 de out. de 2012

PAPEL DO ESTADO - A JUSTA DISTRIBUIÇÃO DOS BENS

PAPEL DO ESTADO – A JUSTA DISTRIBUIÇÃO DOS BENS
(Celsio Elias Carrocini)

São João Crisóstomo, comentando a parábola do servo fiel (Mt 24,45-47), diz que o servo foi considerado fiel porque não roubou nada nem dilapou vã e nesciamente os bens de seu Senhor. Isso, segundo ele, pode muito bem servir aos governantes políticos. Cada um deve empregar o que tem para o bem comum.

Um bom servidor, além de não roubar, precisa saber administrar convenientemente os bens. Se faltar uma das qualidades, a outra fica prejudicada. Se é fiel e não rouba, mas dilapa e gasta no que não deve, sua culpa é grande. Se administra bem mas rouba, sua culpa não é menor (in:Homilia sobre o Evangelho de São Mateus)1. Isto significa que o Estado precisa distribuir com maior justiça a riqueza para que todos possam participar equitativamente dos bens da criação2.

Compete ao Estado como autoridade legítima a compensação equitativa da propriedade privada e pública. Bem como impedir que alguém abuse da propriedade em detrimento do bem comum (cf.GS,71d). Mediante isso, é condenável toda forma política que impede a liberdade civil ou religiosa, multiplicam as vítimas das paixões e dos crimes políticos e desviam do bem comum o exercício da autoridade, em benefício de alguma facção ou dos próprios governantes (cf.GS,73d).

"Mas quando a autoridade pública, excedendo os limites da própria competência, oprime os cidadãos, estes não se recusem às exigências objetivas do bem comum; mas é-lhes lícito, dentro dos limites definidos pela lei natural e o Evangelho, defender os próprios direitos e os de seus concidadãos, contra o abuso desta autoridade" (GS,74e). Falando-nos sobre a "justa distribuição dos bens", Pio XII defende que a riqueza econômica de um povo não consiste propriamente na abundância dos bens, mas sim no fato de que tal abundância represente e ofereça real e eficazmente a base material que baste ao devido desenvolvimento pessoal dos seus membros - este deve, portanto, ser o verdadeiro fim da economia de uma nação: a justa distribuição dos bens. Pois que, embora circulasse uma afortunada abundância de bens disponíveis, o povo, não participando deles, não seria economicamente rico, mas pobre. "Ao contrário, continua Pio XII, fazei que esta justa distribuição seja realmente efetuada de modo estável e vereis um povo, mesmo que disponha de menores bens, tornar-se e ser economicamente são"3

Pio XII fala-nos da importância de colocar novamente o mundo camponês no caminho da sua salvação. E que a legislação social moderna ofereça também as suas vantagens às populações rurais.4

Santo Domingo falando sobre a promoção humana defende que, na medida do possível, não foge também ao dever do Estado compensar os custos sociais dos mais pobres.5

"A ordem social e o seu progresso devem, pois, reverter sempre em bem das pessoas, já que a ordem das coisas deve estar subordinada à ordem das pessoas e não ao contrário; foi o que o próprio Senhor insinuou ao dizer que o sábado fora feito para o homem e não o homem para o sábado. Essa ordem, fundada na verdade, construída sobre a justiça e vivificada pelo amor, deve ser cada vez mais desenvolvida e, na liberdade, deve encontrar um equilíbrio cada vez mais humano. Para o conseguir, será necessária a renovação da mentalidade e a introdução de amplas reformas sociais"(GS,n.26c).

"Para satisfazer às exigências da justiça e da equidade, é necessário esforçar-se energicamente para que, respeitando os direitos das pessoas e a índole própria de cada povo, se eliminem o mais depressa possível as grandes e por vezes crescentes desigualdades econômicas atualmente existentes, acompanhadas da discriminação individual e social"(GSn.66). "Conclui-se daí que a prosperidade econômica de um povo deve medir-se, não tanto pela soma total dos seus bens e riquezas, como pela justa repartição deles, segundo os preceitos da justiça, para que todos os cidadãos possam progredir e se aperfeiçoar. Toda a economia, pela sua própria natureza, não possui outra finalidade, nem outra razão de ser"(MMn.74). "Todo esforço deve ser empenhado para que, ao menos no futuro, a acumulação de riquezas em mãos dos detentores do capital seja reduzida de maneira equitativa, a fim de que uma parte delas, suficiente e ampla, caiba também aos trabalhadores"(MMn.77). "Para o próprio Estado é da maior importância que, em todas as categorias sociais, os cidadãos se sintam mais e mais responsáveis para com o bem comum"(MMn.96).

A própria evolução dos acontecimentos e dos tempos coloca sempre mais em relevo que as normas da justiça e da equidade devem ser restauradas"(MMn.122). Isto significa assegurar o bem-estar dos cidadãos, tendo em vista o bem comum da Nação (cf.MMn.150-151)

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1-São João Crisóstomo, in: Homilia sobre o Evangelho de São Mateus, apud, Autoridade e Serviço-Cadernos Padres da Igreja, p.46
2-CELAM, Santo Domingo, n.226
3-cf.PIO XII, Mensagens e Alocuções, in: Encíclicas e Documentos Sociais, p.151
4-Ibidem, p.207
5-CELAM, Santo Domingo, n.196

17 de jul. de 2012

VIGIE SUAS PALAVRAS

"Herodes tinha mandado prender João, e colocá-lo acorrentado na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com quem se tinha casado. João dizia a Herodes: "Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão". Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não podia. Com efeito, Herodes tinha medo de joão, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava. Finalmente, chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes, e ele fez um grande banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galiléia. A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: "Pede-me o que quiseres e eu to darei". E lhe jurou, dizendo: "Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino". Ela saiu e perguntou à mãe: "Que seja a metade do meu reino". Ela saiu e perguntou à mãe: "Que vou pedir?". A mãe respondeu: "A cabeça de João Batista". (Mc 6, 14-29)

Nesta passagem do Evangelho, Marcos recorda o episódio da morte de João Batista. O cruel assassinato de João havia marcado para sempre o coração de Herodes, talvez por ter sido algo tão banal quanto injusto. De fato, segundo Marcos, a única razão que obrigou o rei a liquidar João foram suas palavras precipitadas, ditas num momento de exaltação e descontrole. Um velho ditado diz que "palavra de rei não volta atrás" e, assim é verdadeiramente, Herodes havia se comprometido com suas palavras a realizar os caprichos de uma jovem dançarina; o astuto rei tornou-se prisioneiro da jovem cortesã por causa de suas palavras impensadas.

É preciso que aprendamos a vigiar nossas palavras, querido irmão. Palavras precipitadas, ditas em momentos de "sangue quente", podem ser o começo de novos e maiores problemas. Peça ao Senhor que, no dia de hoje, o Espírito Santo seja um vigia à frente de seus lábios, para que eles não se tornem um laço para prendê-lo em situações de embaraço e perigo. Uma só palavra inspirada pelo Espírito tem mais poder para fazer o bem do que muitas palavras ditas debaixo da ira e do nervosismo. É preciso saber a hora de falar e a hora de calar...

Oremos pedindo sabedoria para usar palavras abençoadas no dia de hoje:
Pai querido, aprendi que palavras malditas são cadeias que me aprisionam a situações de perigo e destruição. Perdoa-me, Senhor, porque devido à minha constante precipitação no julgar e no falar, tenho sido injusto e impiedoso com tantas pessoas. Perdoa-me se me envolvi em contendas desnecessárias pelo meu modo errado de me expressar. Pai, preciso da sabedoria do Teu Espírito para discernir quando devo falar e quando devo calar. Preciso dele igualmente para saber como falar, a fim de alcançar com amor o coração de meus irmãos. Usa minhas palavras hoje como semente de bênção, ó Senhor. Dá-me palavras cheias de paciência, prudência, perdão e bondade. Usa-me, Pai, como um arauto de boas-novas para a vida dos meus irmãos, em Nome de Jesus.

O que a Bíblia diz sobre as palavras do homem?
"Guarda tua língua do mal, e teus lábios de palavras enganosas. Aparta-te do mal e faze o bem; busca a paz e vai ao seu encalço". (Sl 33,14-15)

"O falador fere com golpes de espada; a língua dos sábios, porém, cura. Os lábios sinceros permanecem sempre constantes; a língua mentirosa dura como um abrir e fechar de olhos". (Pv 12,18-19)

"A língua serena é uma árvore de vida; a língua perversa corta o coração". (Pv 15,4)

"É do fruto de sua boca que um homem se nutre; com o produto de seus lábios ele se farta". (Pv 18,20)

"Quem vigia sua boca e sua língua preserva sua vida da angústia". (Pv 21,23)

"A língua, porém, nenhum homem a pode domar. É um mal irrequieto, cheia de veneno mortífero. Com ela bendizemos ao Senhor, nosso Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procedem a bênção e a maldição. Não convém, meus irmãos, que seja assim. Porventura lança uma fonte por uma mesma bica água doce e água amargosa? Acaso, meus irmãos, pode a figueira dar azeitonas ou a videira dar figos? Do mesmo modo a fonte de água salobra não pode dar água doce" (Tg 3, 8-12)

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Fonte:
JOSÉ, PE ANTONIO, Basta Uma Palavra. Rio de Janeiro, Ed.Rio de Deus, 2006, p.32-34.

30 de abr. de 2012

A DOENÇA MENTAL E AS ÉPOCAS

 Texto de Moacyr Scliar
 "Doença mental tem história. É o que mostra, com brilho e competência, Isaias Pessotti (professor de psicologia da USP em Ribeirão Preto) em "A Loucura e as Épocas". E a história da doença mental tem fascinado e motivado vários autores –a obra de Foucault vindo imediatamente à lembrança.

27 de abr. de 2012

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22 de abr. de 2012

JAMES LOVELOCK E A HIPÓTESE GAIA

James Lovelock defende que Terra e vida formam sistema único
( por HELIO GUROVITZ)

 O britânico James Lovelock propôs na década de 70 a noção de que a
 Terra não poderia ser separada da vida. Ousou considerar o planeta um
 superorganismo vivo, que se equilibrava sozinho sempre que
 perturbado. Para completar, batizou esse organismo com o nome de
 uma deusa grega: Gaia.
 Foi a ira dos cientistas e a glória dos místicos. De respeitado cientista,
 Lovelock passou a ser visto como louco, herético ou profeta.
 Defensores do rigor científico acusavam Gaia de trazer
 intencionalidade a algo que não tem consciência: o planeta Terra.
 Como poderia a Terra _sozinha_ restaurar seu equilíbrio físico e
químico quando perturbada? Como seres vivos 1 em eterna competição
pela sobrevivência poderiam gerar um ambiente harmônico em Gaia?
 A origem da idéia estava nos dois anos que Lovelock passou na Nasa
 (EUA). Ele concluiu que as características da atmosfera de Marte
 bastam para dizer que lá não há vida. Seria, portanto, inútil enviar uma
 expedição ao planeta.