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18 de mai. de 2011

SANTO AGOSTINHO (354-430)

     1. Vida
     A vida de Agostinho pode ser dividida em dois períodos claramente distintos: antes da conversão e depois da conversão. Antes da conversão, Agostinho interessa-se principalmente por retórica e filosofia. Depois da conversão, concentra seu interesse na Sagrada Escritura e na Teologia.
     Agostinho nasceu em Tagaste, em 354, de mãe cristã e pai ainda pagão. Tendo iniciado os estudos em Tagaste, foi completá-los em Cartago, onde começou a interessar-se também pela filosofia. Em Cartago a filosofia dominante era a maniquéia. Aos dezenove anos começou a ensinar retórica , rodeado por um grupo de discípulos inteligentes e por muitos amigos.

     A leitura de São Paulo e os contatos com Ambrósio, bispo de Milão, convenceram Agostinho de que a verdade não estava nos livros dos filósofos, mas no Evangelho de Jesus Cristo.
     Em 387 foi recebido na Igreja e batizado por Ambrósio. Pouco depois resolveu voltar para a África. Na cidade de Óstia, antes do embarque, faleceu sua mãe Mônica. Em 391 foi ordenado sacerdote pelo bispo de Hipona e em 395 foi eleito bispo da mesma cidade.
     Faleceu em 28 de agosto de 430.


     2. Obras:
     Agostinho escreveu muitíssimas obras. As de maior interesse filosófico são as seguintes:
     -Sobre a Vida Feliz
     -Sobre a Imortalidade da Alma
     -Confissões
     -A Cidade de Deus
     -A Trindade
     -A Verdadeira Religião


     Agostinho, um dos maiores gênios de todos os tempos e o maior de todos os Padres da Igreja, foi também o maior filósofo dos quinze séculos que separam Aristóteles de Tomás de Aquino. Conseguiu, melhor do que qualquer outro pensador cristão, estruturar sobre uma base racional, todas aquelas doutrinas que, reveladas pelo cristianismo, são também acessíveis à razão. O seu pensamento merece, pois, um estudo amplo e profundo.


     3. Pensamento:
     a) Conhecimento humano e verdades eternas
     Agostinho tem realmente a convicção de que a alma é absolutamente superior ao corpo e de que, por isso, não pode depender dele em nenhuma de suas atividades.
     O conhecimento científico é adquirido por meio da razão inferior. O conhecimento das verdades eternas é obtido por meio da iluminação divina. A iluminação é uma luz especial, incorpórea, que nos torna visíveis e compreensíveis as verdades eternas: uma luz mediante a qual Deus irradia na mente humana as verdades absolutas e imutáveis.


     b) Deus
     O princípio inspirdor de Agostinho é o seguinte: "Não saias de ti, volta-te para ti mesmo, a verdade habita no homem interior".
     A sua filosofia manifesta-se especialmente na especulação sobre Deus: para estudar tanto a sua natureza como a sua existência, Agostinho parte do homem. Na mente humana estão presentes verdades eternas, absoluta, necessárias, que a mente humana sozinha não pode produzir. Logo, existe Deus, razão suficiente destas verdades. "A beleza da verdade não passa com o tempo nem muda de lugar para lugar".


     c) O mundo e o tempo
    Depois da conversão, Agostinho encontrou na Revelação a explicação da origem do mundo. Ele deduz que Deus criou o mundo do nada. Logo, o mundo teve origem na criação. Mas, quando se deu a criação? Na eternidade ou no tempo? Não é possível responder a esta pergunta sem esclarecer antes a noção
de tempo.
     As fases do tempo são o passado, o presente e o futuro. O passado é o tempo que não é mais; o futuro é o tempo que ainda nãoé; e o presente é o tempo que é agora, mas que não será sempre.
     O tempo é um agora que passa. A eternidade é um presente que não passa, um agora permanente. O tempo não existe fora de nós. Não existem, fora de nós, nem o passado nem o futuro. Deve-se concluir, portanto, que o futuro e passado existem na mente, como o presente.
     Sendo o tempo o modo de ser característico da natureza finita, isto é, da natureza que não pode existir toda ao mesmo tempo. E, sendo o universo inteiro de natureza finita, segue-se que o mundo teve origem no tempo e não na eternidade.
     Deus, porém, criou tudo no mundo desde o começo, ou seja, deu ao mundo, no início, todas as virtualidades, impressas por Deus nas coisas, no momento da criação, são chamadas por Agostinho de razões seminais.
     "O mundo é como uma mulher grávida: traz em si a causa das coisas que virão à luz no futuro. Assim, todas as coisas (de todos os tempos) foram criadas por Deus".
     Mas, se é assim, se o Criador já fez tudo, haverá ainda alguma coisa reservada à atividade das criaturas? Ainda se pode dizer, por exemplo, que a galinha põe o ovo? Que a macieira produz a maça?
     Para Agostinho, pode-se continuar a usar este modo de se exprimir, porque o desenvolvimento das razões seminais se deve à atividade das criaturas: as razões seminais desenvolvem-se e dão origem aos novos corpos quando são despertadas e excitadas pela ação das criaturas.


     c) Mal e Liberdade
     Se Deus éa causa de tudo o que acontece, como se explica o mal? Agostinho agirma que Deus não é a causa do mal. O mal é ausência, falta do bem. O mal é privação de uma perfeição que a substância deveria ter. Resta que a causa do mal seja a criatura. E o mal se manifesta através de duas formas principais: o sofrimento e a culpa. A causa do sofrimento é a culpa. E o responsável pela culpa é o homem.
     Em que consiste a culpa? Em submeter-se a raão humana `paixão, em desobedecer às leis divinas, em afastar-se de bem supremo. O mal consiste em cair, em voltar as costas ao bem superior, ao bem imutável.
     E de onde vem esta aversão? Da liberdade: fazemos o mal pelo livre arbítrio da vontade. Só onde há liberdade é que se pode falar de bem e de mal.


     d) Espiritualidade e Imortalidade da Alma
     A alma, diz ele, acha-se em contínua relação com a verdade. Nada pode separar a alma da verdade. Mas, a verdade, à qual a alma está unida, é imutável e eterna; logo, também a alma é eterna.
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Bibliografia:
-MONDIN, Battista. Curso de Filosofia, vol.1, São Paulo, Paulus, 1981.


Celsio Elias Carrocini - Franca-sp.